Tempo Bruto
Quando trabalhamos com audiovisual e captamos imagens através da câmera, a nomeamos de “brutas”. São imagens cruas, ainda sem artifício de montagem|edição. Aqui elas são marcadas por uma identidade autoral, pelo recorte do olhar de Fernando Peres. Como uma extensão do corpo, Fernando despontava equipado de câmera pelas ruas, quase que diariamente, por anos. Estamos falando do final dos anos 90 e início dos anos 2000.
Tempo Bruto nasceu da urgência em preservar esse acervo ameaçado pela deterioração natural das fitas (e dos corpos). Com o passar das décadas, as fitas mofam, colam, se partem. Comprometem imagens valiosas da cena artística pernambucana. Nós ganhamos rugas e estradas. Andamos por caminhos diversos. Muitas pessoas que aparecem nessas imagens, encenam agora por outras paisagens. Como nosso grande amigo e artista Carlois, homenageado por Fernando no desenho do cartaz e no videoarte deste projeto.
Foi primordial a digitalização desse material, no qual ainda estamos trabalhando e entendendo sua dimensão. Neste acervo é possível encontrar registros dos trabalhos de divers*s artistas contemporâneos. Dos extintos SPA das artes e Salão de Artes de Pernambuco. Do Festival de Garanhuns. Registros do último show do Textículo de Mary, no Teatro do Parque. De Jorge Mautner no Cinema AIP. Vernissages em galerias e museus. Recitais, performances, exposições. A nossa amada Menor Casa de Olinda.
Fernando é um colecionador, um acumulador compulsivo. E suas imagens refletem esse universo caótico e fascinante. Um excesso de informação antes mesmo dos reels e memes. Os títulos dados a cada fita é uma arte à parte, codificadas longe do alcance d*s simples mortais, tais como: Sap Eurist Viervo, Tamarindo, Morto2, Rola. Há também muitas imagens de filmes que passavam na TV, de revistas e capas de livros. Toda uma fauna e flora da vida urbana. Registros da arquitetura e da moda.
São referências que nos ajudam a entender a trama social na qual estávamos inserid*s. As questões de gênero, o diálogo entre as produções artísticas, o ativismo e os coletivos de arte, etc. Dentre elas, as farras homéricas de uma juventude que fazia da boemia seu habitat natural. Poderia ser uma ficção, mas é tudo verdade! E se você faz parte disso, pedimos por gentileza que colabore assinando um termo de autorização de imagem, o que vai viabilizar tornar este acervo público.
Marnininu...já comi muito!
Irma Brown
Ficha Técnica:
Artista: Fernando Peres
Coordenação e idealização: Irma Brown
Produção executiva: Gabriela Cabral
Restauro técnico: Tuka Maia
Assessoria de imprensa: Verbo Assessoria de Comunicação
Serviços contábeis: Daniel Borborema
Audiodescrição: VouSer Acessibilidade
Realização: Galeria MauMau
Incentivo: Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, Governo do Estado de Pernambuco, Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Governo Federal
Serviço:
Exposição Tempo Bruto de Fernando Peres
Data: Sábado, 12 de abril de 2025
Horário: A partir das 19h
Local: Galeria Maumau – Rua Nicarágua, 173, Espinheiro, Recife-PE
Entrada: Gratuita
Projeto contemplado pelo Edital de Ações Criativas para o Audiovisual – Memória, Preservação e Digitalização de Obras (Lei Paulo Gustavo), do Governo do Estado de Pernambuco.